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quarta-feira, abril 06, 2011

Absurdos que a gente vê por aí...

Aproveitando a polêmica a respeito da gravidez da atriz Solange Couto (a "Dona Jura" da novela global O Clone) aos 54 anos, me lembrei de algo importante a ser divulgado: a reportagem (e não sei se a pesquisa também) feita pela jornalista Laura Capriglione para a Folha de São Paulo.

A matéria (clique ali em cima, em "Folha de São Paulo" para saber com detalhes) fala sobre a violência psicológica e física que as parturientes sofrem nos hospitais, tanto públicos quanto particulares – sendo os índices mais altos na rede pública. Algo inadmissível, ainda mais que são agressões feitas por supostos profissionais da saúde, de auxiliares de enfermagem a médicos!

Ou seja, pessoas que fazem curso técnico, graduação, pós-graduação – pessoas instruídas para tratar, confortar mulheres nessa situação tão vulnerável e que agem de forma bestial, com grosserias do tipo: “Na hora de fazer não chorou, não chamou a mamãe. Por que tá chorando agora?”. E também gritos, xingamentos, exames doloridos e recusa e omissão de socorro – como se nós mulheres tivéssemos alguma culpa por ter filhos.

Engraçado é que quando uma mulher aborta também sofre vários tipos de violências e preconceitos por parte de muitas pessoas, e pessoas que também fizeram um juramento para melhorar as condições de vida e saúde de outras pessoas. Daí eu me pergunto: se a mulher aborta é uma “assassina, safada etc” e quando resolve levar a diante a gravidez se torna em uma “safada” por que fez sexo? Parece que o povo se esquece de que nos reproduzimos de forma sexuada (mataram a estas aulas na escola, decerto).

O "milagre da vida" só é possível porque mulheres se dispõe a isso, lembrem-se!


Pelo visto, o preconceito está mesmo em aceitar a mulher (até por outras mulheres, infelizmente) como ser desejante, que também tem vida sexual. E me pergunto de onde essas mulheres e homens que trabalham nessa área da medicina (ginecologia e obstetrícia) e a equipe das maternidades nasceram. De chocadeiras!?
Falam que a maternidade é sagrada, só faltam jogar pedras nas mulheres que optam pelo abortamento do feto. E em contrapartida destratam as que levam essa difícil empreitada adiante. Sim, porque não é fácil.

Olha, não sei se algum dia quero ter filhos. Mas como mulher bem informada (e tendo mãe e amigas que tiveram/estão tendo filhos) sei que a gravidez é um processo sofrido de 9 meses. Revoluções hormonais acontecem (se uma “TPMzinha” já causa um estrago, imaginem uma gravidez), muitas mulheres têm problemas com a pressão alta, desmaios, incontinência urinária (e depois da gravidez o problema na bexiga pode persistir), dores, os famosos enjoos etc. Isso sem falar dos problemas estéticos: seios e barriga flácidos após parto e amamentação, varizes e as terríveis estrias.

Nessas andanças pela internet, já li muito relato de mulheres que depois da gravidez sofreram preconceito do marido por causa das estrias que ficaram. Um caso em particular me chocou: de uma anônima (para preservar a identidade) contando que o marido dizia ter nojo do corpo dela (depois dela ter dado um filho a ele também, detalhe) e ia procurar outras mulheres. Impressionante o tanto de ogros que existem por aí...

Tenho uma amiga ex-mineira (agora gaúcha, haha) que está grávida, e quero dizer que isso tudo que escrevi não é para assustá-la! Ela está supercontente com a filhinha que vem aí e teve a sorte de encontrar um parceiro digno.
O propósito é alertar a mulherada que um dia será mãe (ou não). DENUNCIEM quaisquer abusos! E a hora do parto é um momento em que a mulher se encontra tão vulnerável... Sabiam que há uma lei que garante o direito a um acompanhante durante o parto? Exijam seus direitos e instruam seus maridos, amigas, e principalmente quem irá lhe acompanhar nessa hora tão única (imagino, hehe).

Saiba mais sobre seus direitos - assista a vinheta da campanha "Pai não é visita!"


E para você - dito profissional da saúde - que não gosta, tem raiva das grávidas, teve uma mãe megera ou algum outro problema mal resolvido do tipo, procurem um psiquiatra e SAIAM da profissão! Vão fazer curso pra consertar computadores, que aí não precisam ter muito contato com outro ser humano. Fica a dica!

Meus dotes artísticos no paint brush.




PS: Para saber mais sobre transformações que acontecem no corpo da mulher na gravidez, clique aqui (artigo dos Anais Brasileiros de Dermatologia).

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