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segunda-feira, maio 16, 2011

A "Marcha das Vadias"

Não poderia deixar de escrever aqui sobre a "Marcha das Vadias" feita nos E.U.A., que teve grande repercussão esse final de semana.
A marcha teve início no Canadá, quando um policial - que deveria correr atrás de criminosos e prendê-los, certo? - soltou a seguinte pérola, na tentativa de orientar universitários a tomar medidas que evitassem estupros: "Se a mulher não se vestir como uma vadia, reduz-se o risco de ela sofrer um estupro".

Um comentário completamente estúpido, já que estupros ocorrem em seminários - onde meninos usam vestes longas, em países árabes - onde mulheres usam a burka e em todo lugar onde existam criminosos pervertidos.

Enfim! Indignadas com a fala machista do tal policial, as mulheres resolveram protestar, que resultou em uma marcha com esse nome - "das vadias", ironizando as palavras do "puliça".
Esse movimento, digamos assim, se estendeu por várias cidades da américa do norte e já está previsto em outras cidades pelo mundo afora. Espero que as mulheres brasileiras também se mobilizem, já que os crimes dessa natureza aqui no país são bem recorrentes e banalizados.

A cultura machista no Brasil é, infelizmente, muito enraizada. Tanto, que até mesmo mulheres a propagam. Creio que não preciso citar muitos exemplos, pois com toda a certeza você (leitor invisível deste blogue) já deve ter ouvido por aí expressões do tipo "fulana é rodada", "essa não é pra casar, é pra comer", "vai com tudo que essa aí dá no primeiro encontro/dá fácil". A sexualidade do homem jamais é questionada, e algumas mulheres (que eu já conheci) até acham vantagem o homem ser "rodado", pois alegam que possuem mais experiência. Mas quando é mulher, é puta/vadia/piranha (insira aqui qualquer adjetivo pejorativo).

A indumentária jamais deveria ser usada como desculpas (esfarrapadas) para discriminar, muito menos para cometer um crime. Assim como tatuagem não define caráter, roupa muito menos. Óbvio que não justifica um cara estuprar uma mulher só porque ela está de minissaia, top, meia arrastão etc. Mas vale lembrar pra mulherada que em um mundo de pervertidos, onde a polícia pouco dá importância a esse tipo de coisa - e ainda culpam as vítimas - todo cuidado é pouco (e viva a liberdade, minha gente!).

Impressionante como as mulheres são condenadas (a ponto de serem julgadas merecedoras de um estupro) por simplesmente seguirem aquilo que elas são criadas ouvindo que devem seguir. Se uma capa da playboy é considerada um exemplo de alguém atraente, se essa cultura de exploração do corpo feminino tem tanta força, por que os homens agem com tanta agressividade em relação àquelas que apenas reproduzem o que vêem por aí? Não é isso que nos dizem que devemos ser?
Natália Cardoso, em comentário na Folha.com


Para ler mais a respeito da marcha que aconteceu nesse sábado na cidade estadunidense de Boston: Folha.com
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